MPF investiga 18 municípios do Cariri por uso de emendas Pix

Os repasses das chamadas emendas Pix para 18 prefeituras do Cariri estão sendo monitorados pelo Ministério Público Federal (MPF).

04/02/2025 | Madson Vagner | Ceará

Dezoito municípios do Cariri entraram na mira do Ministério Público Federal (MPF), em investigação sobre a transparência em relação ao uso dos recursos das chamadas Emendas Pix, enviadas por deputados federais e senadores durante o ano de 2024. A investigação mira na transparência de R$ 39,2 milhões somente no Cariri.

Na lista caririense estão Abaiara (R$ 800 mil), Antonina do Norte (R$ 1 milhão), Araripe (R$ 2 milhões), Assaré (R$ 6,4 milhões), Aurora (R$ 500 mil), Barro (R$ 1 milhão), Brejo Santo (R$ 1 milhão), Crato (R$ 3,6 milhões), Farias Brito (R$ 2,5 milhões), Granjeiro (R$ 4 milhões), Juazeiro do Norte (R$ 1,5 milhão), Lavras da Mangabeira (R$ 2,9 milhões), Milagres (R$ 400 mil), Missão Velha (R$ 2 milhões), Nova Olinda (R$ 400 mil), Penaforte (R$ 700 mil), Salitre (R$ 220 mil) e Várzea Alegre (R$ 8,1 milhões).

Das prefeituras caririenses investigadas, 11 possuem prefeitos reeleitos e outras sete têm novas administrações. O senador Cid Gomes (PSB) lidera a lista de parlamentares que mais enviaram recursos, totalizando R$ 25,6 milhões, seguido pelos deputados federais AJ Albuquerque (PP), Idilvan Alencar (PDT), Matheus No ronha (PL), Domingos Neto (PSD) e Moses Rodrigues (União), que enviaram mais de R$ 18 milhões.

Os senadores Camilo Santana (PT) e Eduardo Girão (União) não destinaram recursos por meio de emendas pix em 2024, assim como 18 deputados, entre eles, os caririenses Eunício Oliveira e Yury do Paredão, ambos do MDB, que representam o Cariri. O União Brasil foi o partido que mais enviou emendas Pix entre os políticos cearenses, somando R$ 64,1 milhões. Na sequência, estão PDT, com R$ 50,9 milhões; PL, com R$ 33,1 milhões; PSB, com R$ PSB, com pouco mais de R$ 18 milhões cada. PT e MDB não destinaram recursos via emendas pix.

O ex-prefeito do Crato, Zé Ailton Brasil (PT), disse não temer a investigação, ao apontar que os recursos foram investidos em infraestrutura básica e de turismo. Obras como a requalificação do monumento de Nossa Senhora de Fátima, além de asfaltamentos e reforma de duas praças, estão com prestações de contas em dia, no Portal da Transparência.

O prefeito reeleito de Antonina do Norte, Antônio Filho (PDT), disse que os recursos foram usa dos na aquisição de medicamentos e pagamentos de serviços essenciais como limpeza urbana. Antônio Filho garante que os recursos estavam inseridos na prestação de contas no Portal da Transparência do Governo Federal. O deputado federal André Figueiredo foi o responsável pelo envio das emendas.

Zé Ailton e Antônio Filho afirmaram que, com a investigação, os prefeitos estão sendo orientados a compartilhar as informações no sistema de prestação de contas: transfere.gov.br. Os prefeitos precisam apresentar um plano de ação para indicar onde serão gastos os recursos, o que garante a transparência.

A investigação

A investigação, deflagrada no fim de 2024, se concentra no cia e na aplicação dos recursos oriundos das Emendas Pix. O MPF apura a suspeita do uso dos recursos para a prática de atos de corrupção. Ao todo, são investigados 400 municípios em 11 estados do Brasil, sendo 137 cearenses. Esse número deve aumentar, já que o MPF pretende seguir todo o dinheiro distribuído para estados e municípios.

O caso, que se tornou alvo do Supremo Tribunal Federal (STF), foi iniciado a partir de ofício expedido em 2024, pela Câmara de Co ordenação e Revisão (CCR) do MPF, que uniformizou o com bate à corrupção no país. No documento, o Ministério Público informa que segue determinação do ministro Flávio Dino, do STF, de “assegurar a transparência na aplicação dos recursos públicos e prevenir atos de corrupção”.

No Ceará, as investigações estão a cargo do Núcleo de Combate à Corrupção (NCC). Ainda em dezembro, o MPF recomendou aos gestores dessas prefeituras que enviassem a prestação de contas de todos os recursos oriundos das Emendas Pix utilizados em 2024, na plataforma do transfere.gov.br.

O descumprimento da recomendação pode desencadear processo de improbidade administrativa. Na maioria dos procedimentos, o MPF não identifica os autores das emendas. Caso sejam confirmados os indícios de corrupção, o resultado da investigação será enviado à Procuradoria Geral da República, para abertura de inquérito no STF.

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