O anúncio do deputado federal, Yury do Paredão (MDB), de que os shows da Expocrato (Exposição Centro Nordestina de Animais e Produtos Derivados) teriam transporte gratuito, despertou críticas de um dos membros da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Ceará. Um artigo publicado no domingo (04), avalia que, mais que um benefício, a gratuidade “revela uma prioridade política”.
Na postagem em suas redes sociais, Yury diz que os ônibus circularão diariamente das 19h30 às 4h00, partindo de Juazeiro do Norte e Barbalha para o Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcante, em Crato, entre os dias 11 a 20 de julho, período de realização da festa. O deputado disse que a ação “visa garantir a mobilidade urbana, facilitar o acesso ao evento e permitir que todos possam participar com tranquilidade e segurança”.
O advogado Francisco Leopoldo Martins Filho, membro da Comissão de Direito Eleitoral da OAB e autor do artigo, avalia que a “feira agropecuária do Cariri cearense, nasceu com o objetivo nobre de fomentar o agronegócio, impulsionar a economia regional e valorizar os produtores rurais”. E que, “no entanto, ano após ano, o evento tem se distanciado de sua gênese primordial”.
O artigo questiona ainda “por que não garantir transporte também durante o dia, quando ocorrem as principais atividades voltadas ao agronegócio? Onde estão os incentivos, as novidades ou sequer a menção honrosa aos agricultores, criadores e expositores, que são, ou deveriam ser, os verdadeiros protagonistas da feira?”
Leopoldo faz uma reflexão sobre a necessidade de resgatar a identidade da Expocrato. “É hora de repensar prioridades e resgatar a identidade da Expocrato, dando ao agronegócio o mesmo destaque e apoio logístico que se dá aos shows”. E finaliza: “Enquanto o som dos palcos ecoa cada vez mais alto, o silêncio em torno do campo é ensurdecedor.”
O transporte gratuito, anunciado por Yury, é fruto de uma parceria entre o Governo do Ceará e a empresa Via Metro. Yury chegou a articular a parceria com os municípios de Juazeiro do Norte e Barbalha, segundo informações, com a promessa de repassar os recursos, através de emendas parlamentares. Os gestores não teriam aceitado.
