A crise de saúde causada pelo avanço do coronavírus (Covid-19) no Brasil reacendeu a discussão sobre a liderança política do governador do Ceará, Camilo Santana (PT). No dia 20, a Coluna Painel do Jornal Folha de S.Paulo, revelou uma reunião de Camilo e outros seis governadores, em circuito fechado, para adotar medidas mais duras no combate ao Covid-19.
A reunião e as medidas foram entendidas como uma afronta as medidas propostas pelo Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro, reagiu dizendo que as medidas adotadas prejudicarão a economia e sua imagem política. Liderados por Camilo, os governadores venceram a queda de braço e têm o apoio da maioria da população.
Participaram da reunião, os governadores da Bahia, Rui Costa; do Maranhão, Flávio Dino; de Goiás, Ronaldo Caiado; Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; do Piauí, Wellington Dias; e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Outros estados como São Paulo, também, aderiram as medidas propostas pelo grupo.
No Nordeste, o governador Camilo reafirmou sua liderança e articulou um comitê de combate ao coronavírus, sem a presença de representantes do Governo Federal.
Em Live pelo Facebook, no sábado (21), Camilo respondeu às argumentações do presidente Bolsonaro, garantindo a continuidade das ações para o enfrentamento ao Coronavírus no Estado. Camilo reiterou que o mais importante neste momento é salvar vidas. “A economia a gente busca depois recuperar. Vidas a gente tem que salvar”, disse.
Para garantir a legalidade e a força das ações planejadas por seu governo, Camilo chamou uma reunião, também, virtual com representes dos três poderes cearenses. Os representantes avaliaram e concordaram as medidas mais duras propostas por Camilo contra o avanço do vírus no Estado.
Além do governador Camilo, reforçaram a decisão, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Washington Luis Bezerra de Araújo; o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual José Sarto; o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio; o procurador geral do Ministério Público, Emanuel Pinheiro; e o secretário de Saúde, Dr. Cabeto.
Camilo anunciou as medidas do novo decreto, através de pronunciamento pelas redes sociais, ainda no dia 19. Foram anunciados o fechamento de comércios, indústrias (exceto as que produzem produtos de primeira necessidade), templos, igrejas, museus, feiras, exposições, clubes e outros, até o dia 29, podendo ser prorrogado.
Segundo a assessoria do Palácio da Abolição, as discussões aconteceram de acordo com orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), com base na situação epidemiológica do Estado e sua curva ascendente de contaminação. “Se a velocidade da contaminação continuar crescendo, em poucos dias, vamos exaurir os sistemas de saúde pública e privada no Ceará, dificultando assim o atendimento para pessoas com estado de saúde grave”, avaliou Camilo.
Ainda segundo a assessoria do Governo, as medidas emergenciais visam, agora, achatar a curva de infectados pelo coronavírus e evitar que a Saúde do Estado entre em colapso, em meados de abril, quando as pesquisas apontam para o pico da doença. Para o Governo do Ceará, essa semana é importante para a diminuição dos números, por isso a população deve permanecer em isolamento social até o dia 29, como prevê o decreto.
Entre as medidas mais radicais, o governador decretou o fechamento das fronteiras do Estado com a interrupção do serviço de transportes intermunicipais e instalação de barreiras terrestres nas rodovias. “Sei que essas medidas são duras, mas necessárias para retardar a contaminação do vírus aqui no Ceará”, justificou.