O que vários partidos de esquerda anunciavam desde as últimas eleições presidenciais acabou se concretizando neste domingo, 09. O site “Intercept” publicou trechos de mensagens entre os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, e o então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça. As mensagens foram extraídas do aplicativo Telegram.
Os envolvidos nas conversas denunciaram que tiveram seus celulares hackeados ilegalmente. O “Intercept”, no entanto, disse que obteve os diálogos de uma fonte anônima. O site diz que procuradores, entre eles Deltan Dallagnol, trocaram mensagens com Sérgio Moro sobre alguns assuntos investigados.
Segundo o “Intercept”, o então juiz Sérgio Moro orientou ações e cobrou novas operações dos procuradores. Em um dos diálogos, Moro pergunta a Dallagnol, segundo o site: “Não é muito tempo sem operação?” O chefe da força-tarefa concorda: “É, sim”.
Numa outra conversa, o site diz que é Dallagnol que pede a Moro para decidir rapidamente sobre um pedido de prisão: “Seria possível apreciar hoje?” E Moro responde: “Não creio que conseguiria ver hoje. Mas pensem bem se é uma boa ideia”. Minutos depois, Moro adverte a Dallagnol: “Teriam que ser fatos graves”.
Repercussão
O conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Erick Venâncio, informou que a instituição apresentará uma representação junto ao CNMP pelos diálogos publicados. Para o conselheiro, a publicação demonstrou articulações entre o ex-juiz federal Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e demais membros do Ministério Público para condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo com dúvidas do próprio órgão sobre a existência de provas.
Na Câmara dos Deputados, o PDT deve iniciar nesta segunda-feira, 10, a coleta de assinaturas para instalação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O objetivo é apurar os vazamentos que comprometem as decisões da Lava Jato. Para abertura da CPMI são necessários um terço das assinaturas da Câmara e do Senado Federal, ou seja 171 e 27, respectivamente.