As facções criminosas têm priorizado a eleição de prefeitos para controlar recursos públicos municipais. A afirmação é do promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), em entrevista ao programa Roda Viva, na segunda-feira (1º). Segundo ele, os grupos perceberam que conquistar cargos nos Executivos municipais, garante influência direta em contratos de prestação de serviços, como transporte, saúde e limpeza urbana.
No Ceará, a presença das facções já reflete em áreas específicas. É percebido, por meio de investigações, que o PCC atua em contratos de lixo e iluminação pública; enquanto o CV tem inserção em transporte escolar, aluguel de veículos, merenda, medicamentos, institutos de saúde e coleta de lixo. Apesar de rivais históricos, PCC e CV evitam confrontos em licitações e, muitas vezes, firmam acordos para dividir os ganhos.
Gakiya destacou que, na operação “Fim de Linha”, em São Paulo, foi identificada a participação de empresas ligadas ao PCC em contratos que movimentavam mais de R$ 1 bilhão por ano, transportando cerca de 20 milhões de passageiros mensalmente. “Se isso acontece na maior capital do país, o que dirá dos municípios menores, onde o controle é mais fácil”, questionou.
Levantamento do Mapa Cearense aponta que o CV é a facção mais presente no Estado, com atuação em 1.419 territórios, seguido pela GDE (628), PCC (231), Massa Carcerária (210), Terceiro Comando Puro (34) e Nova Okaida (1).


