MP recebe denúncia contra intervenção do Hospital São Raimundo em Crato

A intervenção da Fundação Leandro Bezerra é alvo de denúncias, relacionadas ao Hospital São Raimundo, em Crato. Caso está no MP.

14/03/2023 | Madson Vagner | Cariri

Sob o controle de uma intervenção há mais de dois anos, a Fundação Leandro Bezerra de Menezes é alvo de uma série de denúncias relacionadas a intervenção no Hospital São Raimundo, em Crato. A denúncia aponta atual gestão como “laranja” e permitir irregularidades que colocam em xeque a sustentação do hospital ligado a Fundação.

Em 2020, a Fundação teve as contas de 2014 a 2017, desaprovadas pelo Ministério Público do Estado (MPCE). Agora, um relatório, protocolado no MPCE, aponta desvio de recursos, fraudes e adulterações de documentos, como prontuários enviados a auditorias da Secretaria de Saúde do Crato, ao Ministério Público e Tribunais de Contas.

Relatos de servidores da unidade, mostram más condições de trabalho; risco a vida dos pacientes, proporcionado pela falta de insumos; medicamentos e a suspensão de manutenção de equipamentos, como da UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A gestão do hospital é do advogado Arnaud Ferreira Bitar Neto, mas na prática, as decisões estariam sendo tomadas pelo médico e diretor clínico, Alcides Muniz Gomes de Matos.

Entre os casos relacionados, estão comprovantes de recebimentos de pacientes do município de Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco, para procedimentos cirúrgicos, pagos pelo município do Crato. Alcides Muniz mantém vínculo empregatício com o município pernambucano. Os prontuários dos pacientes foram confrontados com cartões do SUS dos mesmos pacientes, confirmando os endereços em Pernambuco.

A denúncia, enviada ao MPCE, cita ainda relatório da ex-contadora do Hospital São Raimundo, Maria Michele, onde afirma com riqueza de detalhes a autorização de pagamento de uma folha de médicos que nunca atenderam no hospital. Foram mais de R$ 559 mil para pagar médicos de duas UPAS de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza.

O desvio dos recursos, fruto de PPI (Programação Pactuada Integrada) para custeio e manutenção, trouxe problemas ao funcionamento do São Raimundo. Nas redes sociais (grupos de whatsapp), há relatos de falta de alimentação para pacientes e servidores; além de problemas na manutenção de equipamentos da UTI, que levou enfermeiros e técnicos a fazerem ventilação manual em pacientes graves.

O MPCE não se manifestou sobre as denúncias. Procuramos Arnaud Bitar, através dos contatos do Hospital São Raimundo, sem sucesso. O contato, que se identificou como recepção, disse que o diretor/interventor aparece muito pouco no hospital e que não tinha seu contato particular.

(Com informações do Jornal do Cariri).

Relacionadas:

Topo